14 de outubro de 2015

Arte inGame - Asterix

Olá pessoal!

Durante esse feriado que passou tive uma pequena oportunidade de descansar um pouco jogando um game que fez parte da minha vida e que até hoje gosto bastante: Asterix de Master System.

E enquanto jogava, algo me ocorreu e que seria interessante tanto para mesclar algumas memórias relacionadas à infância e também ao tema central desta coluna.

Comecemos, portanto, com um breve relato meu. Quando eu era criança, algumas de minhas atividades de lazer principais eram jogar videogame, ler gibis e assistir televisão. Mais ou menos na mesma época, eu não apenas alugava o jogo Asterix, mas também comprava suas histórias em quadrinho em uma banca de jornal próxima à minha escola e assistia animações desses gauleses que passavam de vez em quando na TV.

Infelizmente para os propósitos da reflexão que quero propor aqui, não consigo me lembrar o que veio primeiro: os quadrinhos, ou os games. A única certeza que tenho é que descobri a existência dos filmes em animação do Asterix depois de já ter aproveitado bastante os outros dois e que "As mil e uma horas de Asterix" foi a primeira história dele que li. Tenho a impressão de que foram praticamente simultâneas embora lembre-me de ter reconhecido o game na capa da revista (mas não o contrário).

Seja como for, gostaria de lembrá-los que a proposta de nossa coluna aqui é abstrair elementos estéticos de jogos de videogame e tentar compreendê-los de alguma maneira. O próprio nome da coluna deixa isso um tanto quanto claro. Contudo existe um fenômeno possível também quando falamos da relação entre belas artes e games: um pode ser o prelúdio de outro. Mas o que isso quer dizer?
O prelúdio é aquele momento que antecede toda e qualquer experiência lúdica: é nele que o jogo nos seduz e nos atrai à sua esfera. Se andaram por locadoras de videogame há alguns anos, as capas, as pequenas sinopses na parte de trás das caixas, recomendações de amigos, comerciais etc. ajudavam a compor esse momento anterior ao jogar propriamente dito. Pensando desta maneira, jogos de videogame podem não apenas nos fazer aproveitar alguns de seus elementos esteticamente, mas também nos lançar a obras de arte fora dele.

Ou seja, jogando Asterix pela primeira vez e apreciando o jogo, podemos procurar saber mais sobre os personagens e seu mundo. E acabaremos chegando às histórias em quadrinhos de uma maneira ou de outra (nem que seja passando pelos filmes antes). Um jogo pode, portanto, servir para nos atrair não somente a ele próprio, mas para alguma outra obra.

E isso pode acontecer em qualquer caso possível, não apenas com relação a gibis. Se jogamos um game baseado em alguma obra literária o mesmo se aplica. O prelúdio à leitura de "O Grande Gatsby" de F. Scott Fitzgerald pode ser composto pela experiência com seu jogo. E mesmo aqueles que possuem apenas poucas referências a obras podem servir para isso como "Dante's Inferno" que não tem praticamente nada em comum com a primeira parte da "Divina Comédia" de Dante Alighieri.
A lista seria infinita se começasse a falar a respeito disso, mas creio que isso seja suficiente para entenderem meu ponto aqui: é plenamente possível e enriquecedor quando não nos contentamos com aquilo que o game nos oferece. Afinal, ele sempre abre horizontes novos de perspectiva que podemos (e muitas vezes devemos) aproveitar.

É isso que queria trazer para vocês hoje. Até a próxima postagem!

9 comentários:

  1. Asterix sempre me foi um produto em volto a um manto de mistérios, só muito depois que eu vim assistir um ou outro episódio. Durante a primeira metade da década de 90, por conta das revistas de games, eu ficava com muita vontade de jogar os jogos Asterix que eu via por lá, pois acreditava que eram demasiadamente divertidos.

    Mas você tocou numa questão interessante que inclusive eu deva estar debatendo aqui no Desconstrutor, são as “seduções” das capas, pegando o gancho que remete as épocas de locadora, já perdi as contas das vezes que aluguei um cartucho sob influência da arte ou das imagens dos jogos e quebrei a cara, mas existiram situações em que o jogo a primeira vista parecia ruim, mas depois da insistência em jogá-lo (A final de contas, eu paguei por aquilo), acabei nutrindo uma admiração pelo game, vou mencionar somente 1 nome: Master Of Monster do Mega Drive.
    :-)

    Quanto a querer saber mais, isso inclusive acontece até hoje com filmes, séries, games e etc. Sempre bate mesmo aquela vontade de pesquisar sobre os atores, personagens, universo expandido e coisas assim. Um exemplo gamístico claro disso foi o meu interesse em querer ler o material impresso referente a Resident Evil.

    Sobre as revistas em quadrinhos, se eu cheguei a ver alguma nas bancas, eu sinceramente não me recordo no momento.

    Mais um excelente exercício de reflexão, Thiago!

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    1. Valeu pela força chefe! ;-)

      Em todas as artes o prelúdio é meio que deixado de lado nas análises. Mas ele é essencial! Olhar capas de games nas locadoras, um conselho de amigo, uma obrigação (se você for um crítico de games, por exemplo)... Tudo isso envolve nossa experiência prévio e engloba nossas expectativas com relação ao jogo como um todo. E muitas vezes influi diretamente na nossa experiência: se já partimos a um jogo considerando-o ruim, provavelmente ele o será para nós sem sequer darmos alguma chance de que seja bom.

      E quanto ao Asterix especificamente, vale muito a pena! É um dos meus quadrinhos favoritos até hoje. Divertidíssimos do começo ao fim!

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  2. Asterix também fez parte da minha infância. Minha trajetória com Asterix foi bem parecida com a sua, eu também me lembro dos quadrinhos e do desenho. Sem falar dos jogos que sempre em maioria das vezes eram bons. Realmente isto mostra que uma obra pode ser aproveitada em vários tipos de mídia. Excelente texto, Thiago!

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    1. Obrigado cara! :-D

      Eu joguei mais os de Master System mesmo na época em que era criança e esse primeiro aí é meu predileto até hoje. Porém, eu descobri com um amigo anos depois (já adulto), um game da série para o fliperama. É um game de briga de rua cartunesco e divertido! hahahaha Muito bom! Recomendo fortemente também!

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  3. eu jogava muito o do snes, eu gostava bastante

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    1. Meio que faz sentido você ter jogado muito o de SNES e não esse. :-P huahuahuahauhauha

      Zoeira! ;-)

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  4. Nossa, eu fazia muito disso, de ficar lendo atrás das caixinhas dos jogos em locadora e observando as "fotinhas" para ter uma ideia do jogo e se valeria à penas locar.

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    1. Acho que todo mundo acabava fazendo isso mesmo! Só tinha uma locadora aqui em casa que usava um sistema de cartões: você via quais jogos estavam disponíveis lá e não a caixinha deles. Daí a gente ia pelo nome mesmo. Acabei decorando o nome de alguns por isso, mas com certeza deixei alguns games legais passarem porque não fazia ideia do que tratavam na época ao não ver imagens deles e tal.

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  5. Asterix já é um personagem pelo qual eu guardo um carinho enorme, meu pai era muito fã e comprou os quadrinhos, não sei dizer se todos, mas de criança já me apeguei ao personagem (por conta disso e das animações também). Quando vi o jogo do Master pela primeira vez, pirei, lógico! Ainda mais por ser um ótimo jogo! Só que na época eu lembro de ter alugado justamente por conhecer o personagem, ou seja, tomei o caminho contrário! Mas já passei também pelo processo de gostar de um jogo, descobrir referências em outras mídias e buscar mais sobre aquele universo, é algo muito bacana!
    Informação irrelevante: ler seu texto me fez lembrar que eu nunca terminei o jogo, e que preciso fazer isso! Então agradeço a dica! hehehe!
    Ótimo texto!

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