Lady Bug foi a primeiríssima personagem feminina a estrelar um videogame. Embora tenha sido lançado em outubro de 1981, dois meses antes da Ms. Pac-man a pouca repercussão do lançamento acabou ofuscando a doce personagem, que muitos sequer sabem de sua existência e importância histórica. Justiça seja feita, o arcade trouxe várias novidades bem interessantes, algumas vistas, inclusive, em Ms. Pac-man. Isso me faz pensar se a toda poderosa Namco não se “inspirou” em alguns ingredientes da receita da Lady.
O game lembra Pac-man na ideia geral: Um game em que você percorre um labirinto coletando frutinhas e fugindo de inimigos. Porém seria bastante injusto dizer que é uma “cópia”.Lady Bug está para Pac-man como Sonic está para Mario, ou seja, ocupam o mesmo patamar, mas são completamente distintos. Em Lady Bug, você é uma doce joaninha (ladybug em inglês) que deve coletar flores e corações em um jardim e fugir de aracnídeos e insetos maiores. A primeira inovação vem logo no início da partida. Você pode alterar o layout do labirinto virando os 20 portões que existem na fase, mudando completamente o caminho. A segunda inovação, também logo de cara, é o temporizador da fase. Ao se encher, um inimigo entra em ação na tela. Curioso e ao mesmo tempo genial é que o temporizador é a própria borda do labirinto, que vai mudando de cor até dar uma volta na tela. Além disso, você ainda pode coletar vegetais especiais, cada um uma letra, que formam ou a palavra EXTRA ou a palavra SPECIAL. E a forma com que elas são coletadas é no mínimo inovador e muito bem pensado…
Em cada fase aparecem 03 letras no labirinto. A primeira forma a palavra SPECIAL e pode ser uma das letras do grupo S, P, C, I, L; a segunda forma a palavra EXTRA e será uma das letras do grupo X, T, R; e a terceira será A ou E, que aparecem em ambas as palavras. Além de tentar coletar o máximo de frutas e corações nas fases, você pode tentar formar as palavras SPECIAL, que vai aparecer no canto superior esquerdo, e/ou a palavra EXTRA, que aparecerá no topo ao centro.
Mas isso não é tudo. A cada fase o temporizador vai correr cada vez mais rápido, o que determina que os inimigos aparecerão mais rapidamente na tela, assim como eles estarão cada vez vez mais rápidos a cada fase. Vai chegar um momento, e basta passar umas poucas fases para isto, que a ação estará frenética, tamanha a velocidade e o seu tempo de reação cada vez mais curto! Outra sacada bem bacana é que a cada ciclo do temporizador ele estará de uma cor diferente: vermelho, azul e amarelo. Juntamente com o ele, os itens especiais, ou seja, os vegetais das letras e corações, mudam de cor também. Isso significa que se você, por exemplo, coletar uma letra "S" amarela, ela não vai preencher a palavra SPECIAL, que é especificamente da cor vermelha. Ao invés disso, somará pontos de bônus, que variam de acordo com a cor. O mesmo vale para uma letra "X" azul, sendo EXTRA amarelo. Parece complicado na teoria, mas na prática é tudo fluído e natural, e você já pega as manhas em poucos minutos de partida.
Outra coisa é que o vegetal da vez aparece exatamente dentro do quadrado de onde saem os bichinhos inimigos. Ou seja, você precisará ser muito rápido e preciso se quiser pegá-los, especialmente se você mandar bem e já tiver avançado algumas fases. Ao coletar um desse vegetais, os inimigos ficam alguns segundos paralisados, mas não vulneráveis. Eles continuam letais mesmo nesses momentos. E, para aumentar a dificuldade e ao mesmo tempo proporcionar uma ótima sacada de estratégia a toda a ação, existem 04 caveiras espalhadas pela fase. Elas são letais tanto para você quanto para os inimigos e é a única forma de matar os inimigos. Dependendo de como elas estão distribuídas na tela, você pode usá-las ao seu favor e encurralar os inimigos contra elas movimentando os portões do labirinto. Ah, faltou falar que o vegetal que aparece no "covil dos inimigos" só vai aparecer quando um deles morrer. Imediatamente ele ressurge neste quadrado e, ao deixá-lo, aparece o vegetal.
Com esta ação toda se você conseguir completar a palavra SPECIAL, uma tela especial aparecerá e você ganhará uma partida grátis. Se conseguir completar a palavra EXTRA, você será agraciado com uma vida extra!
Curiosamente, outro clássico meio obscuro dos arcades possui o mesmo mecanismo de formar palavras para extras, o Mr. Do! A primeira vez que vi este jogo foi num cartucho Inter 11 in 1 paraguaio do SNES, há 17 anos atrás. E até hoje gosto muito dele; é muito divertido! Quem sabe não faço um review dele também, até mesmo para eu saber por que Do! tem o mesmo mecanismo da nossa joaninha...
Voltando a falar de Lady Bug. O game recebeu port oficial para o ColecoVision e o Intellivision. Chegou a ser anunciado para Atari 2600, mas infelizmente foi cancelado, provavelmente pelo hardware inferior aos seus 02 principais concorrentes. Além deste, recebeu um clone chamado Bumble Bee pela Micro Power para os computadores BBC Micro, Acorn Electron e Commodore 64 em 1983 e 1984. A diferença aqui é que a doce joaninha deu lugar para uma abelha e os inimigos viraram aranhas.
Apesar de ter recebido vários ports e de todas as inovações, o arcade praticamente passou despercebido pelo público. Com o lançamento de Ms. Pac-man poucos meses depois, apoiada por toda a estrutura logística da Namco e seus parceiros, o arcade acabou saindo do "pouco conhecido" para "obscuro". Uma grande pena, mesmo. O jogo é muito divertido e inovador e merecia ser reconhecido, pelo menos como um símbolo cult na cultura pop atual.
Aliás, deem só uma olhada na arte do arcade: a primeira protagonista feminina de um game já chegou sensualizando com seus traços de pôsteres de musas dos anos 60 e 70!
Ou seja, largue deste texto e vá dar uma olhada nesta pérola, que com toda certeza merece ser trazida da penumbra do passado para brilhar e colorir nosso presente! Afinal, lugar de joaninha é à luz de um lugar ao sol, e não em um canto obscuro e frio de um galpão!
É isso aí, galera! É com este simples texto, mas feito com muito carinho, e com o tema adocicado e leve deste game que desejo um feliz Natal para todos! E que vocês tenham que limpar seus controles depois de varar a madrugada jogando com a família reunida com as mãos sujas de gordura e açúcar de uma farta ceia!
Conhecia de nome mas nunca me chamou atenção, o detalhe é que eu não sabia que era o primeiro com uma heroína, sempre achei que fosse um simples jogo de inseto. :)
ResponderExcluirNão há duvidas, o Atari teria muita dificuldade em rodar um jogo desses.Principalmente pelas cores variadas e a mecânica de vários elementos móveis na tela ao mesmo tempo.Isso está mais para um jogo simples de NES do que um de console anterior.
Esse jogo traz surpresas.Quando a personagem morre, ela vira um "anjinho" exatamente como Alex Kidd!
Aos 4:30 de jogo, a personagem casa, de branco e véu, numa igreja cristã e ainda por cima a personagem da joaninha segue em direção a um símbolo de dinheiro, o cifrão, no canto superior esquerdo da tela.
Durante toda a jornada ela cata vegetais (provavelmente para fazer comidinha), se casa e passa a mão na grana, possivelmente do marido.
Esse jogo é muito mais "badass" do a gente pensa!
Não é à toa que era um game de arcade.
ou seja, Chupa Chun-li e Chupa Samus
ResponderExcluirHaha! Lady Bug, como joguei isso em um extinto bar perto de casa, lá nos longínquos anos 80, esse e Moon Patrol, outro clássico. Adora esse game, e pouco ligava para Pacman e MS-Pacman, achava este mais complexo, e de fato é sim.
ResponderExcluirObrigado pelas boas recordações Glefferson, ótimo texto.
Old-Hutter.
Foi o primeiro arcade que joguei na vida! Não lembrava o nome, só lembrava que era um "Pac-Man"! Não lembro do gabinete dele ser assim, acho que não era original, joguei já na década de 90 acredito que antes de 1994. Bom relembrar dele, nunca adivinharia o nome.
ResponderExcluirAté que a Lady Bug da pro gasto eim auhauha
ResponderExcluirEu dei uma bela jogada aqui e percebi o quanto esse jogo pode ser desafiador conforme vamos avançando. Quanto as regras, bem, elas intimidam um pouco no começo, mas com prática pegamos a manha.
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