25 de setembro de 2015

Quem sou eu? Ninguém liga?

Não gosto de trazer para cá certos assuntos que não sejam da área gamística, mas acima de tudo o Gamer Desconstrutor é parte de mim. Por esta razão que existem coisas aos quais não posso deixadas de lado sem ao menos redigir algumas linhas, como foi o exemplo da nota de falecimento do lendário Leonard Nimoy num texto intitulado "De todas as almas (...)" e como este é o único espaço eletrônico a qual sou não somente editor, mas também o dono, preciso escrever essas palavras, pois a morte da carne em sí ainda não é a morte verdadeira, o maior de todos os ceifares da vida é o esquecimento.

Já tem vários meses que venho observado um senhor de muita idade trabalhando sozinho na barraca de uma feira próxima de onde resido, além de espaço criado e destinado para ganhar seu pão de cada dia, ele o usava como local de moradia. Porque? Simples, ele não tinha ninguém, cuidava de sí próprio com os limites de sua força e recursos financeiros, sem um familiar se quer para assisti-lo e ampará-lo.
No dia 23 de Setembro de 2015, fui ao mercado comprar algumas coisas que estavam faltando em casa assim que saí do trabalho, e ví este senhor sozinho (Como sempre) em seu “lar”, só que desta vez sentado numa cadeira de rodas.
Meu Deus! Onde estão seus parentes? – perguntava a mim mesmo.
No dia seguinte, passei por lá aproximadamente no mesmo horário e me deparei com um aglomerado de pessoas em frente a sua barraca, ao chegar mais próximo pude observa-lo deitado em sua cama improvisada que na verdade era uma espécie de poltrona reclinável, agonizando de dor e completamente desligado da realidade. As pessoas falavam com ele que, por sua vez, não dava resposta.
- A ambulância está a caminho! – diziam!
Senti uma aflição tão profunda que vários pensamentos se passavam em minha mente procurando um sentido pra tudo aquilo, cheguei inclusive a pensar no meu pai e tio e em minha própria velhice e mortalidade. De noite, antes de me recolher, pus uma bermuda e uma camisa e fui até o local para ver se encontrava alguém para me dizer algo sobre ele. Não sei a razão por ter feito isso, a final de contas o local ficava vazio durante a noite e “a ambulância estava a caminho”, e fiquei pasmo quando ví que ele ainda estava lá, agonizando ao lado de três moças que estavam cuidando dele. Foi nesse momento que eu soube seu primeiro nome, Antônio. Elas estavam esperando um carro de um amigo para leva-lo até o pronto socorro pois a ambulância não havia chegado.
Na manhã do dia seguinte eu soube da notícia, que ele havia falecido naquela mesma noite. Mas não estou aqui para jugar suas escolhas ou a força que o fez findar seus dias dessa forma, só sei que perecer em solidão dependente dos favores de estranhos é algo muito triste não apenas de se vivenciar como presenciar na vida alheia. Estou aqui hoje com a missão de deixar registrado em sua memória uma pequena parte de sua história, mesmo que seja seus momentos derradeiros nesta terra cheia de más notícias.
Mas que sou eu? Porque estou escrevendo isso? Ainda não sei direito porque estou fazendo isso, só sei que senti uma vontade muito forte para escrever sobre isso, para dizer que nesse mundo muitas pessoas que tem o “poder” para fazer algo, não o fazem. Sim! Estou falando das pessoas que nos governam, que aparente e invariavelmente entram para a política e quando são eleitos pela maioria dos votos dessa democracia doente, acabam não apenas se tornando parte dessa doença, mas um bando de parasitas ambulantes, pensantes e malignos que não ligam para nada a não ser por eles próprios.
Sim! Isso é um desabafo angustiado e indignado, e ainda digo mais: “Não é porque vocês foram eleitos pela maioria dos votos que isso queira dizer que vocês são capazes de pensar corretamente, que merecem estar onde estão”, VOCÊ que assume um cargo público, é ligado a política e que usa suas atribuições para fins pessoais, roubando rios de dinheiro ou de qualquer forma ilícita mesmo que minimalistamente falando, saibam vocês que isso esta errado e nem tudo vai ficar barato!
Todavia este não é o sentido mais forte deste post, se eu fosse dar um propósito preponderante por testemunhar aquilo tudo, é para dizer algo muito importante para VOCÊ que esta lendo isso. Mande seu orgulho e o individualismo para os quintos dos infernos e deem valor a sua família, deem carinho, amor, atenção e muita paciência com os idosos. Cuidem muito bem deles, quer seja pai, mãe, tio, tia, marido, esposa, filhos... Em fim! Seu dever como ser humano é fazer o bem, e não aproveitar as oportunidades para agir somente para sí próprio ou deixar um ente querido as mãos do destino. Pois se depender de governo, a família deixará de existir, pois eles não dão valor e consideram o conceito falido assim como suas honestidades e deveres, não são filantropos, mas sim pilantropos malditos
Ao finado senhor Antônio, deixo meus mais sinceros sentimentos e a você que esta lendo isso, uma vida longa, próspera e correta! Vamos mudar este mundo pelo amor de Deus, pois chega de dor e sofrimento.
\\//_

4 comentários:

  1. Não há nada mais doloroso para a alma do que a solidão, só quem convive com ela sabe como ela é terrível...

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  2. Cara... que post!
    Eu fiquei meio sem palavras, é uma situação horrível que com certeza afeta muita gente pelo mundo... e coisas assim, o fim da vida de alguém totalmente desconhecido, ocorre todos os dias. Com toda certeza. O que é uma droga, mas...
    Depois que a gente perde as pessoas que a gente dá valor, depois que o tempo passa a gente volta praquela rotina maluca, a famosa "correria" e deixa pra segundo plano quem realmente importa, pois precisamos viver nesse mundo capitalista desenfreado com as pessoas de mais "alto nível" que vc mencionou ainda piorando tudo...
    Sei lá, eu vou parar de escrever antes que este comentário fique muito negativo e enorme.
    A vida é dura...
    Lindo texto, parabéns pela atitude!

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    Respostas
    1. Em primeiro lugar, eu tive uma sensação de nostalgia muito grande só por olhar para essa sua imagem de perfil, Gamer Caduco, lembrou a época das revistas de games e a minha ânsia por jogar o Sonic 2.
      Segundo, obrigado pelo Feed, eu não gosto muito de trazer esses tipos de conteúdos pra cá, mas estou providenciando um espaço para isso futuramente.
      Mais uma vez, obrigado pela visita.

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